1 de dezembro de 2009

TÚJI


Um poema quando a guerra era o pão nosso quotidiano da nossa terra e povo sofria ao sol de todos os dias...


Setenta vezes sete: Túji!
em consonâncias lamacentas
pantanosas purulentas
atiradas à face dos homens
sentados às mesas da exploração.


Setenta vezes sete: Túji!
túji túji túji...
e eles lá no Norte, capitalistas ou não,
alimentam-se da nossa guerra
engordando com nossas desgraças...

Namibiano Ferreira
 
NOTA: Quem nao sabe vai querer saber o que é túji, não é verdade? Pois bem trata-se de uma palavra com grande sentido escatológico, isto é, mais direccionado para a coprologia.
Em vernáculo da língua portuguesa é, merda, simplesmante.

11 de novembro de 2009

PARA NUNCA MAIS A GUERRA

Este poema andava perdido entre os papéis e velhos textos. Devia ter sido o primeiro poema a publicar neste blogue, porque foi ele a razão do seu apareceimento. Mas nunca é tarde e neste dia de celebração (Dia da Independência) não fica mesmo nada mal lembrar, novamente e sempre-sempre: PARA NUNCA MAIS A GUERRA!


Meninos de Tombwa




Viajando pelo vento dos tamarindeiros
procuro o secreto caminho
que há-de conduzir nossos passos
trôpegos e cansados
à glória de um Futuro brilhante.




Mas, ainda à sola dos nossos pés,
sujos e gretados
gruda-se o lodo informe dos mortos,
um lodo fétido gruda-se
também às nossas almas
rotas e cansadas.
Inda se ouvem os gritos
dos meninos amputados
das mulheres desventradas
e o lodo traz os tanques fantasmas,
cicatrizes disformes,
abandonados e queimados.
Caminhamos... devagar ainda
e os cemitérios de guerra
florescendo no altar dos nossos olhos
bordados de cruzes
no calcanhar triste da picada.
Vamos, irmão, esquecer o passado triste
mas num grito que não se cale nunca
para não fazer esquecer:


PARA NUNCA MAIS A GUERRA!


 
Namibiano Ferreira

10 de novembro de 2009

E OS HOMENS DA TERRA...

O novo livro de Décio Bettencourt Mateus, Xé Cadongueiro*, já está na rua. Pelo menos na rua virtual e neste caso específico no blogue do autor, Mulembeira. É o  terceiro livro deste jovem e talentoso poeta angolano. Pelo que nos foi dado apreciar, pelos dois poemas publicados no seu blogue e que fazem parte deste novo projecto poético, Décio está ainda melhor do que antes. Ninguém se esquece de poemas como: “Discurso no Parlamento”, “Os Meus Pés Descalços”, “A Zungueira”, “Carta de um Angolano no Estrangeiro”, "As Mãos da Mãe" "Poeira Voltou" e muitos outros que já são marca de qualidade na poesia deste poeta angolano. A sua inclusão neste meu blogue é porque este poema, que passo a trasncrever, é o culminar de muitos e prolongados anos de guerra. Dias de guerra que se trasnformaram em anos. Uma guerra em que o povo foi a principal vítima e que nunca pensei ver terminada durante a minha vida. Felizmente acabou e a Paz é possível porque, como diz o poeta, E os homens da terra conversaram!

Obras anteriores: "A Fúria do Mar" e "Os Meus Pés Descalços"

* A palavra candongueiro (de candonga) é a pessoa que se dedica a contrabando, é um contrabandista mas, actualmente em Angola tem um outro significado: é um mini autocarro (ônibus) que faz o serviço semelhante ao de táxi. Quando apareceram em Luanda, esta actividade era ilegal, daí o nome candongueiro.


Namibiano Ferreira




E OS HOMENS DA TERRA...



E os homens da terra
Sentaram-se! Frutos silvestres
Emprestaram sabedoria e sombra
Poeiras campestres
Abençoaram papeladas
E acordos nos matos das picadas!




Um vento a soprar agreste
As terras do leste
Falou-me d’homens sentados
Em troncos e pedras
A falarem acordos e palavras
E obuses de canhões silenciados!




A taça do sangue das armas
Entornou-se! Batuques e lágrimas
Das gentes magricelas
A espreitar homens da terra
Sentados, a falarem paz em palavra
E sonhos e acordos d’estrelas!




A tumba dos homens apagados
Em camuflados e botas
Aplaudiram palmas
Kazumbis e almas
Dançaram alegria nas matas
E homens sentaram pedras d’acordos!




E as patentes da terra
Conversaram! Calaram-se ruídos
E fuzis d’homens fardados
A barulhar palavras e guerras
Conversam os homens nas pedras
E nos troncos dos acordos!


E os homens da terra conversaram!


Décio Bettencourt Mateus.


Luanda, 26 de Novembro de 2007.


in "Xé Candongueiro"

Visite o blogue do poeta: http://mulembeira.blogspot.com/

12 de abril de 2009

ZAMBI - Abel Duere de Benguela, Angola




Abel Duërë canta no Canecão em 1996 Zambi (Deus).


A música é um apelo pelo fim da guerra em Angola.

O Clipe produzido por Abel Duërë, fez parte da campanha que o artista encabeçou, arrastando na época multidões que em frente ao Consulado dos Estados Unidos protestavam contra a guerra.

24 de fevereiro de 2009

EUNICE NANGUEVE INÁCIO - UMA MULHER ANGOLANA


She was born in Angola in 1948 into a religious protestant family. Her background and academic pursuits did not distance Eunice from local people. In 1985, she headed the welfare program in Ministry of Social Affairs, focusing on children and war-displaced people. In 1991, she became the national director for training social workers. Through her efforts today about 600 local peace promoters have been trained and work in 14 provinces. Approximately 120 communities have been supported with local peace initiative grants to provide shelter to thousands affected by war.Eunice Nangueve Inacio was born in Angola in 1948 into a religious protestant family. But her good background and academic pursuits did not distance her from local people.
In 1985, she headed the welfare program in Ministry of Social Affairs, focusing on children and war-displaced people. In 1991, she became the national director for training social workers.
When Huambo Province was occupied and fought over by three different liberation movements, Eunice returned to her home province of Huambo and worked for British Charity, Save the Children to help displaced children and orphans whose parents had died in the war.
The Angolan Peace Process, launched in 1991 with an accord between the Government and the rebel movement UNITA, failed after the 1992 elections. Eunice became a focal point for running humanitarian program for children in Huambo during the two-year occupation of the province by the UNITA rebel army. She coordinated the National Programme for Family Tracing for Separated Children. After the breakdown of the cease-fire and Angola Peace Building Program, she coordinated national civil society programs, which aimed at building peace and ending the war cycles.
The peace process failed several times. High-level diplomacy, mediated by the UN, also did not succeed in bringing UNITA on board. However, initiatives by Eunice Inacio led to the signing of the Lusaka protocol in 1994.
Through her efforts today about 600 Local Peace Promoters have been trained and work in 14 provinces. Approximately 120 communities have been supported with local peace initiative project grants to provide shelter to thousands affected by war in municipalities.